quarta-feira, 23 de abril de 2008

A reportagem tomou cor e forma!

Nesta quarta-feira o nosso grupo teve força na peruca e produziu uma reportagem sobre nosso tema de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC): as revistas teen, em especial a Capricho, e o contexto do público jovem. Fizemos esse exercício pois ainda não começamos a escrever os capítulos e nem introdução do trabalho. Desta forma, com a reportagem vamos trabalhar a problematização do tema, hipótese e delimitarmos a nossa linha de pensamento e dar enfoque ao trabalho, enfim, o começo. Segue a reportagem.



Publicações voltadas para meninas adolescentes ilustram leitora idealizada por mercado editorial

Por Fabieli de Paula, Glória Vasconcelos, Marina Zurdo e Roberta Torres Matsuoka


O padrão ideal de beleza ilustra as capas “super” coloridas da Capricho toda quinzena.


Junte bastante gente bonita, combine com muitos sonhos de consumo, dê uma pitada de tendências sobre o mundo moderno e misture tudo isso em um design bem colorido e atraente. Aí está a receita para fazer uma revista bem “da hora” para meninas adolescentes. Mesmo com os avanços tecnológicos, a revista de papel não perdeu o posto de melhor amiga das garotas, que se identificam com o conteúdo e formato da publicação. Afinal, ela é fácil de carregar, de guardar na bolsa, de levar pra escola, esconder no meio do livro e o principal, colecionar.

Em 2007, um fato que abalou as redações de todo país foi a queda de 28% nas vendas das publicações deste segmento, segundo dados divulgados pela Anatec (Associação Nacional das Editoras de Publicações). De acordo com o presidente executivo da Anatec, Hélio Fittipaldi, “devido à revolução tecnológica, as revistas segmentadas perderam espaço para a concorrente chamada Internet”. Ele explica que os veículos impressos terão que se adaptar com a nova realidade e pensar em conteúdos alternativos para ganhar destaque.

Com este cenário em vista, a revista Capricho reformulou sua linha editorial e, para acompanhar as leitoras, aderiu os conteúdos da Internet nas páginas da revista e vice-versa. Segundo Tatiana Schibuola, redatora-chefe da Capricho, a revista traz em suas páginas as novidades “mais quentes” da Internet, como fotologs, fóruns, sugestões de sites relacionados ao perfil das leitoras e até bate-papo que tratam de temas polêmicos do momento. “Usamos como termômetro para as pautas as discussões na nossa comunidade no Orkut, e lemos atentamente as sugestões enviadas para nosso e-mail”. Ela ressalta que o conteúdo da revista é baseado no que a leitora busca como necessidade.

A equipe de redação do veículo conta com uma ajuda extra de 30 aliadas que formam o time da Galera Capricho. São adolescentes de faixas etárias diferentes e de diversas regiões do Brasil, selecionadas pela própria equipe. Essas garotas ajudam, durante o período de um ano, com opiniões, pesquisas e na escolha de fontes para a elaboração da pauta.


A adolescente idealizada

Uma questão polêmica que vem à tona quando se fala da “mídia jovem” é onde está a responsabilidade editorial de tratar e discutir temas de relevância social. Assuntos que geram inquietações nos jovens, como racismo, violência, política e mercado de trabalho, dificilmente estão presentes nas páginas de tais publicações. A redatora-chefe da Capricho justifica que “discussões como essas são tratadas de forma leve e aparecem raramente nas edições, para que não vire uma Veja teen”, e completa, “as adolescentes não se interessam por estes temas e se publicássemos com freqüência, a revista iria contra a lógica do mercado e não venderia”. Para ela, as meninas estão em busca de lazer, comportamento, moda e beleza, e por isso, estas questões são o foco da revista. “É o que vende”, resume Thiago Theodoro, jornalista da editoria de comportamento da revista.

Já na opinião da jornalista Valquíria Michela John, isso representa um perigo para as próprias leitoras. Em sua dissertação de mestrado, “Meninas Descoladas: a leitora idealizada nas revistas destinadas ao público adolescente”, Valquíria defende que a abordagem destas revistas reforça estereótipos e levanta generalizações, o que pode contribuir para as jovens tomarem atitudes sem analisá-las e adotar comportamentos pré-estabelecidos. “Há uma evidente construção de uma identidade em que a mulher é inferior ao homem, um discurso voltado para a adolescente que faz de tudo para conquistá-lo. A problemática não está no fato de adolescentes buscarem ter um namorado, e sim da generalização de que todas as garotas nessa faixa etária têm como maior necessidade conseguir um”. Ela também afirma que matérias sobre cultura, política, desigualdade social e orientação sexual não são publicadas na revista, o que pressupõe que as adolescentes “só pensam em si mesmas”, mas insiste que é responsabilidade jornalística publicá-las mesmo assim. “O jornalismo tem a obrigação de levar ao conhecimento de seu público aspectos de importância social, visando dar subsídios e informações para a mudança de comportamento e da realidade”, explica.

Para a ex-editora da Revista Capricho e atual secretária executiva da Andi (Agência de Notícias dos Direitos da Infância), Ciça Lessa, a revista tem relevância social, “trata de conflitos vividos na adolescência e a formação das pessoas”. Ciça também comenta que esse campo é pouco explorado pelas revistas em geral, mas tem relevância para suas leitoras assuntos como gravidez, drogas e relacionamento. E completa, dizendo que outro fator que contribui para agravar a situação é o mercado editorial, no qual “há pouco espaço para inovar, uma revista sempre tenta imitar a outra que deu certo, é uma tendência de mercado que limita o espaço para inovar com novas formas de fazer revista”.

Por outro lado, de acordo com a assistente de comunicação da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Ana Paula Brandão, é necessário que os meios de comunicação busquem novas formas de tratar a mulher na mídia para que estas mudanças se reflitam na sociedade, e que as publicações para adolescentes deveriam iniciar isso desde cedo, pois as “adolescentes de hoje são as mulheres adultas de amanhã”.

Um comentário:

Beta Torres Matsuoka disse...

Muito fofys a nossa reportagem *-*
Só espero que a Adriane também ache isso... hauhauehuaha

Valeu por postar, Glorinha!!! ;)