sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Quem manda na internet são as meninas


De acordo com Gil Giardelli, diretor-geral da Permission, empresa brasileira especializada em mídia digital, a forma como essas adolescentes aprendem está causando profundas mudanças na sociedade e no mercado. "As meninas estão mostrando que teremos que mudar todos os nossos conceitos: da maneira como educamos, como procuramos emprego a como nos relacionamos", garante. "O mercado e os departamentos de recursos humanos das grandes empresas estão de olho nessas transformações. Em um futuro próximo, ninguém mais vai contratar um funcionário antes de dar uma olhada nas comunidades em que ele está no Orkut, nas ferramentas que domina, em quanto conteúdo produz e no quanto contribui para sites colaborativos", completa.

No livro MICROTRENDS ? THE SMALL FORCES BEHIND TOMOROW'S BIG CHANGES ("Microtendências - As pequenas forças por trás das grandes mudanças do futuro"), ainda não editado no Brasil, o americano Mark J. Penn, especialista em identificar tendências sociais, fala sobre o fenômeno Tech Fatales, protagonizado por mulheres e meninas que não apenas usam a tecnologia mas a direcionam, modelam e decidem sobre o seu futuro. Giardelli cita que, nos Estados Unidos, elas são responsáveis pela maior parte das compras de laptops e celulares e alerta que o mercado está começando a perceber isso e vem cada vez mais modificando seus produtos para agradar ao público feminino.

É bom realmente que o mercado comece a pensar em Nathanny Christine Claro, de Santa Bárbara d'Oeste (SP), que aos 10 anos já possui o próprio laptop e gasta quase todo o tempo livre em frente ao computador. Ou em Giselle Medeiros, que quando tinha 16 anos ganhou centenas de euros vendendo pela internet móveis virtuais produzidos por ela para o jogo THE SIMS. Por influência do irmão mais velho, a estudante moradora do Gama, cidade-satélite de Brasília, começou a jogar aos 12 anos e logo sentiu vontade de customizar sua vida virtual. Sozinha, aprendeu a usar os programas 3Dmax e Simpe, com os quais desenvolvia móveis e roupas para o game. Logo passou a recorrer também às ferramentas Adobe GoLive e Dreamweaver, que utilizou para fazer o próprio site e disponibilizar para download os objetos que criava. "Deixava as pessoas baixarem tudo de graça. Quando começou a ficar caro hospedar o site, que era muito acessado, senti que talvez pudesse ganhar algum dinheiro cobrando pelos downloads", conta. A maior parte do público de Giselle era formada por jogadores europeus, e, embora ela cobrasse um preço baixo pelos arquivos - apenas 3 euros -, com o volume de visitantes juntou uma boa soma. Só não podia recebê-la. "O intermédio dos pagamentos era feito pelo PayPal (empresa que oferece serviço de transações financeiras virtuais). Como eu era muito nova, não tinha como resgatar o saldo", explica a garota, hoje com 19 anos. Ela lembra que um dia resolveu pedir ajuda ao pai, que é contador, para receber a grana que imaginava ter acumulado. "Quando ele viu quanto dinheiro eu ganhei sozinha, levou um susto, mas ficou empolgado e abriu logo uma conta no banco para mim, já com um cartão de crédito internacional. Com o valor conquistado, consegui trocar o meu computador inteiro", conta ela. Hoje Giselle cursa a faculdade de arquitetura, influenciada pelo mundo que aprendeu a construir na internet.

A pioneira dos blogs, a paulista Mariana de Souza Alves Lima, mais conhecida como Marimoon, fez seu primeiro diário virtual em 2001, quando tinha 17 anos. Hoje, aos 25, ela relembra que seus pais não entendiam o porquê de tanto tempo gasto por ela com o computador. "Eles me viam sentada em frente ao monitor durante horas e ficavam preocupados. Achavam que aquilo me fazia mal, me isolava do mundo." A compreensão só veio mesmo depois que o sucesso no universo virtual rendeu à filha um emprego na TV. Marimoon é a apresentadora do programa SCRAP, na MTV.

Bem-sucedida também é a americana Ashley Qualls, que no ano passado, aos 17 anos, recebeu uma proposta de 1,5 milhão de dólares pelo seu site de layouts para o MySpace.

Para Giardelli, o sucesso dessas meninas mostra apenas mais uma realidade: a de que o conteúdo produzido por elas está ganhando valor no mercado. "Empresas como a Melissa e a Natura reconheceram há pouco tempo a importância do trabalho desenvolvido pelas jovens e contrataram adolescentes blogueiras para produzir conteúdo para seus sites comerciais", conta o pensador digital.

*Adaptado da Revista Claúdia

Um comentário:

Nathanny disse...

Eu to nesse blog? Oo OLOCO! faz dois anos já :~
XOXO

Nathanny.